O Natal, para muitos de nós, representa uma época festiva cheia de alegria, saudade, longas conversas à mesa, partilhas, sorrisos, comida saborosa acabada de sair do forno, jogos em família, entre outros.
Em suma, representa um momento de união e de partilha. No entanto, para uma grande parte das pessoas que se identificam como LGBTQI, não funciona exatamente assim.
Esta época festiva representa, para várias pessoas que se identificam como LGBTQI+: sofrimento, ansiedade, dor, de negação de si, esconder a sua verdadeira essência, etc.
O Natal, em diversas casas portuguesas, e não só, representa violência, desumanização, negação, discórdia, vergonha, discussão, pautados pelo sofrimento… enfim… uma verdadeira montanha-russa de pensamentos, sentimentos e emoções, perpetuados pelos estigmas exercidos pelos próprios familiares.
Escutei, ao longo dos anos, por parte de amigues, pessoas do mundo associativo, conhecides e pessoas que acompanho na minha prática clínica, situações como:
- Esta época é um sufoco para mim!
- Sempre que chega o Natal sinto uma ansiedade constante.
- No Natal tenho de esconder a minha identidade de género e/ou orientação sexual dos meus familiares para não gerar discussão ou mau ambiente.
- Gostava de poder passar o Natal com a pessoa que amo, mas os meus familiares não sabem sobre mim.
- Durante esta altura só me sinto deprimido.
- Nesta época oiço constantemente "bocas" por eu ser Homossexual/Trans…
Para além das pessoas LGBTQI serem, constantemente, alvo de violência, também nesta época festiva, muitos passam o Natal fora, das suas casas ou das suas famílias, simplesmente porque, aparentemente, o preconceito foi muito maior do que o amor.
Não é de estranhar que através da nossa prática clínica ou simplesmente como meras pessoas que fazem parte da sociedade, observamos pessoas LGBTQI em situações de sem abrigo, a passar ao frio, na noite de Natal.
Não é de estranhar ver quadros ansiosos ou depressivos a aumentarem nesta época.
Não é de estranhar vermos pessoas LGBTQI a passar o Natal com outras famílias, igualmente importantes, que lhes acolheram neste dia.
Não é de estranhar ver as associações a promoverem iniciativas tão humanas, de modo que as pessoas LGBTQI não passem o Natal sozinhes, proporcionando assim momentos de partilha e de conforto.
Se te identificas como LGBTQI deixo-te aqui algumas sugestões para estes dias de Natal:
- Pratica o autocuidado;
- Se tiveres essa possibilidade, convida amiges para estar contigo na noite da consoada;
- Junta-te a alguma família que te aceita e apoia exatamente como o ser humano que és;
- Existem jantares de Natal se estiveres por Lisboa ou em outros como os que são promovidos pela ILGA Portugal ou pela Transmissão;
- Se viveres no interior ou não tiveres a possibilidade de te descolar e estiveres sozinhe, faz uma videochamada com amigues que estejam igualmente sozinhes;
- Caso passes o Natal completamente sozinhe realiza atividades que te deem prazer;
- Caso estejas em casa e tenhas de passar o Natal com a tua família, estabelece limites e pratica a assertividade;
- Caso tenhas de passar o Natal com a tua família, partilha o teu sofrimento com alguém;
- Em caso de stress muito significativo procura a ajuda de um profissional;
Notas Importantes:
- A tua identidade de género, orientação sexual, expressão de género e/ou características sexuais são uma parte importante e fundamental da tua vida;
- As múltiplas identidades e sexualidades humanas são igualmente válidas;
- Só porque não aceitam/respeitam a tua sexualidade e/ou identidade não significa que tu não existas;
- É Natural que nesta altura sintas uma montanha-russa de emoções nesta época;
- Não estás sozinhe, em caso de não conseguires lidar com todas estas situações, procura ajuda especializada. A Re(Nascer) está aqui para ajudar;
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