É do conhecimento público que, desde sempre, a comunidade LGBTQI+ é alvo de constantes perseguições, discriminações, preconceito e tem vivido, atualmente, em diversas partes do mundo à margem da sociedade. No fundo, a homofobia e transfobia tem sido construída ao longo da história.
A Revolta de Stonewall, em 1969, nos Estados Unidos da América, permitiu abrir algumas mentes e horizontes para todos os assuntos relacionados com as sexualidades e identidades de género. Foi apenas à poucos mais de 50 anos que o diagnósticos relacionados com a homossexualidade começaram a ser discutidos. Em 1973, a American Psychiatric Association retirou dos seus manuais de diagnóstico psiquiátricos, a orientação homossexual, não referindo-a como doença, mas sim como uma variante normal da sexualidade humana. Em 1975, a American Psychological Association adotou a premissa de que a homossexualidade, em si, não trazia qualquer consequência a nível psicológico. Outro marco importante iria acontecer mais tarde, em 1985, quando a Organização Mundial da Saúde passou a adotar o termo "Homossexualidade" em vez de "Homossexualismo", uma vez que este último, devido ao sufixo "ismo" dava a entender que seria uma doença, retirando-a assim do Código Internacional das Doenças (CID).
Estava, então, finalmente traçado o caminho para o estabelecimento das identidades e sexualidades. No entanto, ainda em diversos países espalhados em redor do mundo, as pessoas LGBTQI+, ainda são presas, sujeitas a penas de morte, elevadas indeminizações e/ou serem brutalmente assassinadas. Ainda antes de se estabelecer limites e se perceber que a homossexualidade não devia de ser tratada como um crime ou doença, estas pessoas estavam sujeitas a permanecerem em clínicas psiquiátricas, na qual se faziam diversos experimentos médicos, lobotomias, terapias de choque, entre outras.
A Homofobia e Transfobia internalizada nasce, precisamente, no seio deste medo e odio criado por uma sociedade heterossexista, misógina e heteronormativa. A forma como a pessoa vive a sua sexualidade ou a identidade de género irá variar da forma como a pessoa se vê e se existe uma autoaceitação da sua parte. Este é um processo difícil, uma vez que apesar de familiares e amigos respeitarem a sua orientação sexual e/ou identidade de género, sabemos ainda que a sociedade não aceita como deveria acontecer.
A Homofobia e/ou Transfobia Internalizada consiste então na não aceitação interna da sua orientação e/ou identidade de género projetando em si sentimentos negativos acerca da sua pessoa. Acontece, assim, através da sua constante exposição, de forma direta ou não, da homofobia existente quer a nível social como cultural.
Segundo Borges (2014) existem várias manifestações a nível psicológico que podem ser encaradas como Homo/Bi/Transfobia Internalizada:
Baixa autoestima;
Hipercriticismo;
Isolamento Social;
Confusão emocional;
Dificuldades em estabelecer intimidade;
Ansiedade e/ou Depressão;
Depreciação para com pessoas LGBTQI+, podendo até ter atitudes de violência verbal ou física;
Negação e/ou recusa de integrar posições de liderança;
Atitudes supercompensatórias familiares, sociais e/ou de trabalho (Querer agradar e ser o melhor em tudo o que executa);
Sentimentos de negação;
Adoção de estereótipos;
Abuso de substâncias e/ou presença de comportamentos autolesivos/suicidários.
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